quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

HISTÓRIA DO SAMBA

Introdução
Do tradicional samba dos escravos, passando pelo primeiro samba brasileiro Pelo Telefone (1917), aos ícones Cartola e Assis Valente, isso sem contar com o samba de breque de Moreira (Morengueira) da Silva, muita coisa aconteceu. Música para diversão (muitas vezes romântica também), que por muitas vezes serve como um aquecimento para os sambões do subúrbio do Rio de Janeiro, o pagode é um dos ritmos mais populares do Brasil. Das rodas de samba e pagode, surgiram grandes artistas da música nacional, tais como Alcione, Clara Nunes e Beth Carvalho. Do grupo Fundo de Quintal, vieram os compositores Arlindo Cruz e Sombrinha, isso sem falar nos mestres Jorge Aragão e Almir Guineto.

Quer mais? Dessas rodas vieram ainda Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e Jovelina Pérola Negra, sempre presentes nos shows e apresentações do gênero. E como esquecer as letras irreverentes de Bezerra da Silva? Daí por diante outros estados brasileiros também aderiram ao pagode, mas dando a sua própria sonoridade. Foi o caso das bandas paulistas, que, no início da década de 90, conquistaram o Brasil, a exemplo do Raça Negra e do Negritude Júnior. De Minas Gerais veio o Só Pra Contrariar, que virou sensação na voz de Alexandre Pires, vocalista da banda.

No final da década de 90, os artistas do chamado “samba de raiz” voltaram a ter grande destaque, trazendo à mídia nomes como o de Dudu Nobre e valorizando as Velhas Guardas de grandes escolas de samba do Rio de Janeiro, como as tradicionais Mangueira e Portela.

A Bahia não ficou de fora, dando (como sempre) o seu próprio tempero ao pagode. Grupos como o É o Tchan e o Terra Samba, agregaram o batuque dos sambas de roda, resgatando as raízes do Recôncavo Baiano. Dessa nova sonoridade surgiram bandas como o Harmonia do Samba, que, liderada pelo vocalista Xanddy, logo ganhou projeção nacional.

História do samba
Gênero básico da MPB, o samba tem origem afro-baiana de tempero carioca. Ele nasceu nas casas das "tias" baianas da Praça Onze, no centro do Rio (com extensão à chamada "pequena África", da Pedra do Sal à Cidade Nova), descendente do lundu, nas festas dos terreiros entre umbigadas (semba) e pernadas de capoeira, marcado no pandeiro, prato-e-faca e na palma da mão. Embora antes de Pelo Telefone, assinada por Ernesto dos Santos, o Donga (com Mauro de Almeida) em 1917, outras gravações tenham sido registradas como samba, foi esta que fundou o gênero – apesar da autoria discutida e da proximidade com o aparentado maxixe. Também nesse estilo ambíguo são as principais composições de José Barbosa da Silva, o Sinhô, auto-intitulado "o rei do samba", que junto com Heitor dos Prazeres, Caninha e outros pioneiros estabelece os primeiros fundamentos do setor, que ganharia uma feição mais definitiva com a chamada "turma do Estácio".

Formada por Alcebíades Barcellos, o Bide, Armando Marçal, Newton Bastos e Ismael Silva e mais os malandros/sambistas Baiaco, Brancura, Mano Edgar, Mano Rubem (uma brodagem bem anterior aos manos do hip hop), essa corrente injeta uma cadência mais picotada no samba e tem o endosso de filhos da classe média como o ex-estudante de medicina Noel Rosa e o ex-estudante de direito Ary Barroso, que redimensionam o estilo através de obras memoráveis. Com a explosão da era do rádio a partir dos anos 30, o samba ganha enorme difusão através de cantores como Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas, Mário Reis, Carmen Miranda - que consegue projetá-lo internacionalmente a partir do cinema - e mais adiante Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, entre outros.

Novas adesões como a do refinado baiano Dorival Caymmi, além das harmonias elaboradas de Custódio Mesquita, o molejo de Pedro Caetano, o figurino tropicalista de Assis Valente, a sobriedade de Sinval Silva, o populismo luxuoso de Herivelto Martins e o sotaque interiorano arrastado de Ataulfo Alves conduzem o samba para outros caminhos já ao sabor da indústria musical. A ideologia do Estado Novo de Getúlio Vargas contamina o cenário e do malandro convertido (O Bonde São Januário, de Ataulfo e Wilson Batista) chega-se ao samba-exaltação cujo carro-chefe, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, torna-se o primeiro hino brasileiro no exterior.

Reconhecimento
Empurrada pela especulação imobiliária, a Pequena África já se espalha por diversos morros e primitivas favelas de onde brotam novos bambas como Cartola, Carlos Cachaça e posteriormente Nelson Cavaquinho e Geraldo Pereira, na Mangueira, Paulo da Portela, Alcides Malandro Histórico, Manacé e Chico Santana, na Portela, Molequinho e Aniceto do Império Serrano, entre inúmeros outros. O samba ganha status de identidade nacional através do reconhecimento de intelectuais como Villa-Lobos, que organiza uma histórica gravação com o maestro erudito americano Leopold Stokowski no navio Uruguai, em 1940, de que participam Cartola, Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Zé da Zilda.

Depois da fundação da Deixa Falar por Ismael em 1928, a partir da reunião de blocos do Estácio, o fenômeno das escolas de samba toma conta do cenário. E propulsiona subgêneros, do partido-alto cantado como desafio nos terreiros ao samba-enredo, trilha para desfile das agremiações. Iniciadas nos moldes dos ranchos, as escolas – Mangueira, Portela, Império e Salgueiro e depois Mocidade Independente, Beija-Flor e Imperatriz Leopoldinense – cresceriam até dominar o carnaval transformando-se em show bizz, com forte impacto no movimento turístico.

As concentrações urbanas que provocaram o aparecimento das primeiras danceterias populares, as gafieiras, também produzem seu estilo próprio, o samba-choro ou samba de gafieira, crivado de síncopas. Viceja ainda desde a década de 30, o samba de breque – com pausas preenchidas por falas – que consagraria o personagem malandro criado por Moreira da Silva e o samba canção, mais lento, a partir de Ai Ioiô (Linda flor) por Araci Cortes, em 1929, posteriormente influenciado pelo bolero com enredos sentimentais de que seria expoente o gaúcho Lupicínio Rodrigues. Em outras praças, como São Paulo, onde pontificaria o satírico Adoniran Barbosa, ou Bahia, terra dos enredos tristes de Batatinha, o samba incorporava sotaques regionais.

Após a Segunda Guerra, a influência cultural americana motiva o aparecimento da bossa nova, um modo diferente de dividir o fraseado do samba, agregando influências do impressionismo erudito e do jazz, inaugurado por João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, após precursores como Johnny Alf, João Donato e músicos como Luís Bonfá e Garoto. O gênero teria toda uma geração de discípulos-cultores como Carlos Lyra, Roberto Menescal, Durval Ferreira e grupos como Tamba Trio, Bossa 3, Zimbo Trio e os pioneiros vocais Os Cariocas. Na mesma época um ramal popular turbinado conhecido por sambalanço projetava o teleco-teco de Elza Soares, Miltinho, Luis Bandeira, Ed Lincoln, Luis Antonio, Djalma Ferreira e vários. Dissidências internas na bossa geraram os afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes. Além disso, parte do movimento (re)aproximou-se do samba tradicional, revalorizando sambistas ditos "de morro" como o portelense Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e mais adiante Candeia, Monarco, Monsueto e o iniciante Paulinho da Viola.

O show Rosa de Ouro, do produtor Hermínio Bello de Carvalho, revela, além da dama do teatro de revista Araci Cortes, Clementina de Jesus, elo perdido das origens afro do samba. A exemplo de seu xará Paulo Benjamim de Oliveira da mesma escola Portela – que intermediou as relações do morro com a cidade quando o samba era perseguido – Paulinho da Viola, com sua pegada autoral mesclada ao choro, se transformaria num embaixador do gênero tradicional diante do público mais vanguardista, incluindo os tropicalistas. Também no interior da bossa apareceria um modificador do samba, Jorge Ben com seu estilo "misto de maracatu" e uma inclinação para o rhythm & blues americano, que mais adiante suscitaria o aparecimento de um subgênero apelidado suíngue.

Hora da revalorização
A princípio afastado do foco principal na era universitária dos festivais, o gênero teria sua revanche num certame específico, a Bienal do Samba e veria no final dos 60 o aparecimento do divisor de águas Martinho da Vila. Além de popularizar o partido-alto (Casa de Bamba, Pequeno Burguês), este fluminense de Duas Barras compactou o samba-enredo – forma consagrada por autores como Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola – ampliando sua potencialidade no mercado. No começo dos 70, novo surto de revalorização do samba projetaria com altas vendagens três divas Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes, além do cantor Roberto Ribeiro e dos compositores João Nogueira, Nei Lopes e Wilson Moreira. Descendente dos estilos de violão de Gilberto Gil (que endereçou o petardo Aquele Abraço para a ditadura) , Baden Powell e Dorival Caymmi, João Bosco em dupla com o poeta Aldir Blanc, renovaria o samba tradicional (inclusive o de enredo), algo que Aldir continuaria a fazer com novos parceiros como Guinga e Moacyr Luz, na década de 90. Ainda no fim dos 70, Beth Carvalho começaria a freqüentar rodas de samba do bloco Cacique de Ramos, onde descobriria o emergente movimento do pagode, desvelado em seu disco De Pé no Chão, de 1978.

Este ramal do samba, movido a partido-alto, pontuado pelo banjo e pela percussão  do tantan, seria uma resposta ao ocaso do samba no início dos 80 que obrigaria os participantes a reunirem-se em fundos de quintal para mostrar suas novas composições diante de uma platéia de vizinhos. Os primeiros discos solos desses pagodeiros saíram em plena redistribuição de renda do Plano Cruzado e projetaram de imediato as artes de Zeca Pagodinho (o único que se firmaria ao fim da onda inicial), Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra e o Grupo Fundo de Quintal, que revelaria ainda a dupla Arlindo Cruz e Sombrinha. Também partideiro, o pernambucano Bezerra da Silva nesse mesmo período emplacaria seussambandidos com enredos que documentam a guerra civil da sociedade partida.

O rótulo pagode seria usado também na década seguinte para denominar uma espécie de samba-pop inspirado na balada romântica que geraria – a partir do sucesso de grupos como o Raça Negra, Negritude Jr., Art Popular e Só Pra Contrariar – o aparecimento de um número incalculável de clones com diferentes graduações de proximidade com o samba de raiz. O tronco principal, no entanto, sobrevive alimentado pela revalorização de antigos bambas ainda em atividade como Nelson Sargento, Monarco, Noca da Portela, Wilson das Neves, Walter Alfaiate e as Velhas Guardas da Portela (vide o recente disco Tudo Azul produzido por Marisa Monte) e Mangueira, além do trabalho persistente de ativistas como Nei Lopes, Luis Carlos da Vila e Wilson Moreira.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Esse é o Cara!!! - Riachão.

Clementino Rodrigues, seu  nome de batismo. "Riachão", seu nome nome de samba e de guerra. Maior sambista vivo desta terra baiana e um dos maiores vivos do Brasil,  ao lado de Nelson Sargento, Ivone Lara e mais alguns outros da velha guarda, o tempo já o consagrou  parte da história da música nordestina, em  sua essência negra da Bahia. Pela sua verve pitoresca na forma de compor, retratando  fatos e ocorridos nas ruas de sua cidade  natal, se consagrou como conista musical da antiga Salvador.

Nasceu na Língua de Vaca, no  bairro do Gracia, em  Salvador, a 14 de novembro de  1921 e até hoje mora no  mesmo bairro. De lá sai a troça carnavalesca "Mudança do Garcia", a agremiação  carnavalesca mais sarcástica da cidade com letras de conteúdo  social e político. Cunharam  até um  termo para definir a bajulação dos tropicalistas ao governo do estado: "tropicarlismo". Neste ambiente, de rodas de samba e capoeira foi  criado o  autor de pérolas como a "Ousado é Mosquito" .  

O apelido de "Riachão", ele disse ao extinto Jornal Diário de Notícias que o ganhou na infância.  "Quando menino  eu  gostava muito de brincar . Mal acabava uma peleja, já estava eu  disputando outra. E aí chegava os mais velhos para desapartar epregando aquelo velho ditado popular: - Você é algum riachão que não se possa atravessar?", disse. Hoje, casado com  Maria Eulália, há 44 anos, tem 10 filhos vive uma vida tranquila. NO momento,  aguarda o lançamento do novo álbum que vai ser gravado a partir de janeiro do próximo ano, numa iniciativa do produtor Paquito.

Sambista atrevido desde a juventude

Nascido e criado no Garcia, Riachão desde os 9 anos já cantava nas serentas, nos aniversários ou nas batucadas com os amigos do bairro. Batucava em latas de água onde tamborilava seus sambas. A  primeira composição veio aos 12 anos, um samba sem título que dizia: "Eu sei que sou moleque, eu sei, conheço o meu proceder/ Deixe o dia raiar que a minha turma, ela é boa para batucar". 

Em 44, consegue entrar para a Rádio Sociedade onde cantou como trio vocal no programa de auditório da emissora de rádio Sociedade AM, "Show Pindorama", um programa do radialista Motta Neto. Ele e seu trio interpretavam até algumas musicas sertanejas, como Valsa Sertaneja, Canta Passarinho e  Beijo Molhado.  Depois, o radialista que descobriu o sambista Batatinha, Antônio Maria, o lança com a música Vida da Semana. Começa a ganhar razoavelmente para os padrões da época. 

A princípio, Riachão cantava em trio, depois passa a cantar em dupla e, finalmente, canta sozinho. Aí decide de vez só se dedicar ao samba sob inspiração de Dorival Caymmi. Após Caymmi, foi o primeiro compositor baiano a gravar no Rio de Janeiro ainda na década de 50. As músicas foram Meu patrão, Saia e Judas Traidor, gravadas por Jackson do Pandeiro (link interno 1). Riachão vivia num ambiente muito rico culturalmente em Salvador, convivendo com sambistas como Zé Pretinho e Batatinha. 

Riachão segue o caminho artístico do sambista irreverente, compondo sambas como Retrato da Bahia, Bochechuda e Papuda, ganhando o "Troféu Gonzaga" com essas músicas. Mais tarde, o cantor Eraldo Oliveira gravou A nega que não quer nada e a cantora Maria Inês interpretou Terra Santa. Outras músicas de Riachão foram gravados por outros nomes do samba e da música popular brasileira , como Vamos pular, gente e Vá mamar em outro lugar. 

O "Umbigão da Baleia"

Irreverente, Riachão possue uma maneira peculiar de apresentar as notícias através do samba, pois todo fato relevante da cidade. Riachão transformou em crônicas ao ritmo do genuíno samba baiano numa linguagem direta e de alcance popular. Entre 48 e 59, ele compôs músicas como A morte do motorista na Praça da Sé, A Tartaruga, A Onça Peteleca, Chegou Pinguim, Visita da Rainha Elisabeth e Incêdio do Mercado Modelo.  Um dos fatos mais inusitados aconteceu no início da década de  60 quando uma baleia morta chamada de "Moby Dick"  veio ser exposta para visitação pública na Praça da Sé.  Daí ele, em fez o samba Umbigada da Baleia.

Outra sacada do cronista urbano Riachão foi A Tartaruga que relata o caso chegada de uma enorme tartaruga que nadou da América do Norte e veio boiar nas águias das praias de Salvador. O senso quase jornalístico com tom poético bem humorado de Riachão, também, pode ser encontrado no samba A morte do alfaiate.


Década de 70 e os registros fonográficos

Apesar do reconhecimento da crítica e de artistas da MPB, Riachão não consegue se inserir nnuma sequência significativa de shows e de regsitros fonográficos (única exceção foi o compacto em 78 rpm de O Umbigão da Baleia gravado nos anos sessenta). Por iniciativa  de Paulo Lima e da gravadora Philipis, através do selo Fontana Special, em 75, é gravado o álbum reunindo a nata do samba da Bahia. "O Samba da Bahia" traz Riachão, Batatinha e Panela em grandes momentos. Riachão participa nas faixas Vou chegando, Fufú, Terra Hospitaleira, PItada de Tabaco, Ousado é Mosquito e Até amanhã.

A força  dada por Caetano e Gil

Depois da Tropicália que ao surgir no fianl dos anos 60 valorizou a música antiga brasileira, em especial a música nordestina de raiz como o samba baiano. Em 72, na volta do exílio em Londres, Caetano Veloso e Gilberto Gil vieram a Salvador para escolher música de compositores baianos para marcar sua volta ao mercado fonográfico nacional. A música escolhida foi "Cada macaco no seu galho" que foi sucesso em todo o país. Nos shows de divulgação do CD "Tropicália 2" de Caetano e Gil lançado em 93 estava lá o velho sucesso de autoria de Riachão.

Ainda nos anos 70, Riachão tem um samba proibido pela Censura. A música se chama Barriga Vazia cuja letra fala sobre a miséria: "Eu  de fome vou morrer primeiro/ você, de barriga, também, vai morrer um dia". A notícia da censura corre a cidade e num show no ICBA, em 76, a platéia universitária exige que Riachão a cante. O público pede tanto que os músicos começam a executá-la e Riachão se vê obrigando a cair na verdadeira celebração que se formou. Foi uma das poucos "furos" à Censura realizado em shows nos anos 70 por um artista.

O segundo registro fonográfico e o hiato subseqüente

Em 73, grava o álbum "Sonho do Malandro" patrocinado pelo Desenbanco em comeoração aos 15 anos da empresa onde trabalhava desde 71. O álbum tem predominância de sambas com a malícia baiana temperado com metais, acordeon e vocais típicos dos sambas de fundo de quintal e até flautas e cavaquinho de regional de chorinho. Destaques para as faixas Quando o galo cantou. O samba chorado Eu também quero relata o aparecimento do tíquete-refeição: "Essa turma que trabalha muito cedo/ vem a fome que faz medo/ e faz a barriga roncar/ vai no caixa compra tique/ pega tíque/ leva o tíque/ dá o tíque/ para poder almoçar".  O álbum trouxe composições mais recentes de Riachão.  Outro destaque do álbum é o samba chorado Dia do Coroa.  Ele regrava o samba rasgado de  Baleia da Sé, demonstrando a atualidade da composição de Riachão. O disco fecha com o samba Que beleza.

Depois da fraca recepção do segundo LP - ao contrário do primeiro que chegou a ser saudado pela revista Veja como um dos 20 melhores lançamentos nacionais no seu ano de lançamento -, Riachão fica num relativo ostracismo artístico. Para divulgar o segundo LP, ele passou um tempo até  no Rio de Janeiro para se apresentar nos programas de televisão. Continuou fazendo shows esporádicos no circuito universitário ou dito "cultural" à margem do esquemão da fatia de mercado da MPB.

Novo registro apenas no ano 2000

Depois de um hiato de quase 20 anos, Riachão vai gravar um novo trabalho a partir de janeiro do próximo ano (ano 2000). O produtor Paquito é o responsável pela recuperação da carreira artística de Riachão e promete a participação de Caetano Veloso e da sambista carioca Done Ivone Lara. Nenhuma gravadora ainda fechou contrato com o artista que promete trazer novas composições feitas de 81 para a atualidade. O samba baiano sobrevive na malemolência de Riachão. Viva a Bahia!